Como já se sabe, o fato de um bom profissional apresentar excelentes desempenhos em suas funções não significa que terá o mesmo desempenho na liderança e gestão de uma equipe.
A posição de liderança traz desafios muito peculiares e situações mais complexas. Uma coisa é o profissional dar conta das próprias atividades e do próprio desempenho. Outra, muito diferente, é conseguir que um grupo de pessoas execute bem suas atividades, se comporte como um time e alcance um resultado coletivo.
Para ter sucesso nessa posição é necessário desenvolver conhecimentos e habilidades diferentes daquelas requeridas de um profissional sem posição de liderança. Esses conhecimentos e habilidades podem ser classificados em duas dimensões – a dimensão da liderança e a dimensão da gestão.
Esta dimensão está relacionada a pessoas. Para ter sucesso como gestor de uma equipe, é preciso conhecer o comportamento humano e saber lidar com a diversidade da personalidade humana, que não é nada simples. Uma equipe apresenta diferentes perfis profissionais, diferentes comportamentos e reações, diferentes níveis de maturidade e expectativas diversas.
O gestor deve ser capaz de harmonizar todas essas diferenças, para extrair do time o melhor resultado coletivo. Isso demanda conhecimento do comportamento humano, que não é nada simples! Demanda habilidades relacionais, capacidade de administrar conflitos, de gerenciar expectativas, habilidade de envolver e estimular a equipe. Demanda habilidade de comunicação, capacidade de argumentação e habilidade de promover o engajamento da equipe em torno de um propósito.
Todas essas habilidades estão na dimensão da liderança de pessoas!
Esta dimensão está relacionada ao uso de métodos e técnicas de gerenciamento de processos. É onde se concentra a essência do papel da liderança, que nada mais é que alcançar resultados através da equipe liderada. No contexto organizacional, não interessa um líder super competente na dimensão da liderança, mas que não leva a equipe ao alcance de resultados.
Nisso, o mundo dos esportes nos dá ótimas lições. Técnico que não leva o time à conquista de campeonatos, cai! É sumariamente substituído!
Antes de qualquer coisa, é preciso ter muito claro o motivo pelo qual o time foi formado, quais são os objetivos ou os resultados a serem alcançados. É preciso ter métodos e ferramentas de gestão que permitam levar a equipe ao alcance desses resultados!
É preciso saber que jogo a empresa joga no mercado! Em que posição joga a equipe que você lidera! Está na linha de frente, vendendo ou produzindo para atender as necessidades dos clientes?
Planejando e gerenciando a execução das estratégias do jogo? Ou, faz parte do backoffice, das áreas de apoio que dão sustentação para a linha de frente? Qual parte do resultado você deve alcançar através dos seus liderados?
Se você estiver no papel de gestor, não importa em que posição joga a sua equipe, você deve levá-la ao alcance de algum resultado! Isso demanda capacidade de elaborar planos para alcançar objetivos e de orientar e conduzir a equipe na execução desse plano. É preciso aplicar técnicas e rotinas de monitoramento dos indicadores de desempenhos dos liderados e aprimorar ou mudar as táticas de jogo sempre que necessário.
Na maior parte das vezes, as pessoas não estão preparadas para tudo isso. Muitas vezes o profissional nem sequer deseja essa posição! Vejam esta situação real de um profissional que recusou uma promoção para a gerência da área de pesquisas. Justificou sua recusa com o seguinte argumento: “Não quero ficar preocupado em controlar os resultados da área, nem em ter a responsabilidade de monitorar o que as pessoas estão fazendo, se estão ou não cumprindo suas metas. Eu sou um pesquisador. Sou feliz no balcão do laboratório, experimentando fórmulas, descobrindo novos caminhos de cura.” Este pode ser um belo exemplo de consciência de um profissional bem resolvido. Mas isso não acontece com frequência! O mais comum é as pessoas aceitarem a promoção, seduzidas pelo crescimento de carreira.
Se você está em posição de liderança ou se a liderança faz parte dos seus planos de carreira, reflita sobre isso: é do líder a responsabilidade de garantir que cada liderado faça muito bem a sua parte para alcançar os resultados planejados. Você precisa saber lidar com a diversidade de personalidades, com a complexidade do comportamentos humanos. Você terá que dedicar grande parte do seu tempo na gestão dos processos e das atividades da equipe.
Pense que o dia tem 24h. Tirando as 8 horas de sono, via de regra, você passa no trabalho a maior parte do seu tempo acordado! Passa as horas mais produtivas do seu dia – 8h às 18h – geralmente, e os anos mais produtivos da sua vida, entre 18 e 60 anos (ou mais se considerarmos o aumento da expectativa de vida)! Se você não tiver afinidade, se não sentir prazer com o seu trabalho, vai viver na ansiedade da chegada da sexta-feira e temendo a chegada da segunda. Nesse cenário, você é um sério candidato ou candidata aos efeitos da infelicidade no trabalho sobre a sua saúde: hipertensão, problemas cardíacos e depressão são apenas alguns exemplos.
Mas, se você se identifica com a posição de liderança, vá em frente! A liderança é uma arte.
Nossas empresas estão carentes de bons líderes. Uma boa liderança traz muito valor para as organizações e faz muita diferença na vida das pessoas.